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Nova viagem para o Algarve em 3h01'

Passou muito tempo, mas não deixa de ser mais um data-point. Nova viagem para o Algarve no dia de São Martinho. Tempo total de viagem 3h01' incluindo uma paragem de 28 minutos — tempo a conduzir 2h33' contado pelo carro, inclui estacionamento.

A única limitação continua a ser o pouco que há para comer na Área de Serviço de Aljustrel.

Desta vez, a viagem foi feita com ~18 graus, sem AC. Não tem grande influência em viagens a 120km/h. Mas fui mais calmo, com poucas ultrapassagens acima dos 120km/h de velocímetro. O resultado seria que não precisava de parar tanto tempo no PCR, mas nunca consigo voltar ao carro a tempo dos 80% de SoC, ultrapassa sempre.

A viagem foi calma, tive ocasião de filmar o truque da garrafa.

Regresso pela nacional

O regresso foi uma desilusão. Queria pela primeira vez esticar o carro na nacional. Ver que média era possível fazer numa viagem a 90-100km/h. Também queria passar no PCR de Loulé para o voltar a pôr verde no electromaps. Pensei que talvez pudesse fazer do PCR de Loulé ao de Alcácer sem carregar.

Seriam uns 200 e poucos km que tentaria fazer por estrada a 90km/h sem carregar, saindo do PCR de Loulé no máximo possível de SoC, 94%. A informação meteorológica no carro indicava-me um vento de sul de 18km/h, extremamente favorável e pude constatar que com poucas rajadas.

Pús o carro em ECO e mantive-me inicialmente entre os 90 e os 100km/h. Mas foi uma desilusão. Eu precisaria de uma média de 11,8kWh/100km e não conseguia baixar dos 14! Reduzi a velocidade para os 80-90 e nada.

Fui obrigado a fazer uma grande volta para apanhar o PCR de Aljustrel. Tudo igual.

Este foi o resultado das duas viagens.

Durante muito tempo fiquei muito apreensivo com as médias do Ioniq em estrada. Não percebia como tinha médias tão boas em AE, tão boas a baixa velocidade, e tão más a 90-100, a velocidade que mais me interessa.

Pús a hipótese do carro me ter dado a informação do vento ao contrário. O carro indica a direcção do vento com uma seta. Quando dizemos vento de sul, significa soprar de sul para norte. É difícil lembrar. A minha mnemónica é que a nortada é vento de norte e sopra para sul.

No Prius+, a direcção do vento é indicada por uma letra e por uma seta. A seta aponta na direcção para onde sopra o vento. O vento segue a seta.

E a verdade é que passadas várias situações em que tenho a informação do Ioniq ao contrário do que vejo no site do IPMA tenho agora a certeza de que ele faz o contrário. Ele põe uma seta a apontar na direcção de onde sopra o vento. Ou é intencional, ou é bug. Ou seja, uma seta de baixo para cima, como tive naquele dia, estava-me a indicar uma nortada de 18km/h constantes.

Isso explica a média.

Agora penso que é como a corrente eléctrica... A seta aponta do positivo para o negativo, embora os electrões, sendo cargas negativas, sigam o sentido oposto.

E eis uma média mais encorajadora em estrada. Desta vez, N4 para o Alentejo. Velocidade moderada, com vários semáforos. Média 65km/h incluindo o estacionamento na garagem. Consumo 10,9kWh/100km. O regresso foi com temperaturas na casa dos 14 graus.




O SoC no final da viagem (pela foto, seria próximo dos 50%) confirma a média.

As minhas andança pelas nacionais também me mostraram no meu clone que não se gasta assim tão pouco.
Para além do vento desse caso, outros factores possíveis são o piso, as curvas, a quantidade de pequenos sobe e desce que numa estrada nacional é mais desfavorável do que o piso e traçado mais constante de uma AE. Sobretudo quando envolve zonas montanhosas como a serra que separa o Algarve do Alentejo.

Eu com o Leaf 30kw, de Vilamoura a AS de Aljustrel, vindo pela nacional se não me engano cheguei com 15-20% no "depósito", a serra do Algarve pela nacional, e muito violenta para os VE.

Mas não. Aqui a questão tem mesmo de ter sido o vento. Fez-me gastar energia como se andasse a 110km/h.

De resto, é mau presságio para o meu plano de fazer a viagem sem carregar.

Eu vou contar o meu truque. A intenção é fazer a viagem em direção ao sul (quando o vento é favorável) pela venerável N2. Seja com que carro for, essa viagem demora sempre por volta das 4h.

Seriam 265km sem carregar e andar à velocidade possível, há troços em que se anda bem. E o segredo é que do miradouro do alto do Caldeirão até Faro são 40km sempre a descer. Fiz com o Yaris híbrido 2,4l/100km nesse troço e acredito que um VE regenere mais energia do que gaste. Então o desafio é fazer os primeiros 225km.

Apesar destes desaires tenho tido várias situações em estradas calmas em que consigo 11kWh/100km. Resta saber se é suficiente.

O maior problema é que descobri que essa estrada sobe mais do que pensava. Segundo o Green Race a estrada atinge afinal os 630m enquanto o IC2 chega apenas aos 400 e tal.

Isto claro, no meio do deserto em termos de pontos de carregamento.

migle Escreveu:Isto claro, no meio do deserto em termos de pontos de carregamento.

Há sempre o estacionamento de Ourique para acalmar eventuais receios. É 16A, mas melhor que nada.
Já lá dormi umas horas, para fazer 70 km para o destino.

Mas isso é muito longe da N2. A N2 é Aljustrel -> Castro Verde -> Almodôvar -> Ameixial.

Em Almodôvar, se chegar à conclusão que é impossível, há hipótese de desviar pelo Malhão para tentar atingir o PCR de Loulé. Ou pedir um bocadinho de electricidade aos bombeiros...

220km de estrada usando 94%

Semana passada: a viagem pela margem sul do Tejo até ao Entroncamento pela N118 / ponte da Chamusca é lenta. Há alguns trajectos onde se circula nos 90-100 mas muitas cidades. O tempo de viagem varia muito pouco: 1h42' à noite sem trânsito a andar bem, até 1h52 na época do tomate. As médias com o Prius+ variam com a meteorologia, tipicamente 4,5 na ida, 4,0 na volta.

Tudo levaria a crer que o Ioniq, que me dá uma autonomia de 232km em Lisboa com Vasco da Gama, me faria facilmente os 220km desta viagem, ida e volta sem carregar.

E fez, mas foi mais à pele do que eu imaginava.

Carreguei o carro a 100% para o fim de semana e gastei 3% nas compras. Sai com 97% e no regresso, infelizmente, apareceu a tartaruga antes de chegar a casa, cheguei com 3% de SoC.

Como o percurso é plano, nunca tive dúvidas de que chegasse a casa. A dúvida que se foi instalando no regresso foi se chegaria a ver a tartaruga (que é chato, o carro anda muito devagar), e foi o que aconteceu, provavelmente por causa do aquecimento.



A média conseguida nesta viagem resulta em 234km de autonomia numa situação em que o Prius+ faz 4,0-4,5. Há estradas mais favoráveis.

220km para o Algarve usando 88%

Esta foi uma viagem de treino. Tenho o projecto de um dia fazer a viagem para o Algarve em 265km sem carregar. Mas não no Inverno.

A ideia aqui foi saber quantos % de SoC é que gastava na parte final desse percurso: a EN2 do quilómetro 615 ao 738.

A EN2 é uma escolha lógica por várias razões: é o caminho mais curto para Faro; não tem trânsito, o que permite circular à velocidade que se escolher; é o caminho mais rápido nos dias 1 e 15 de Agosto, 25 de Dezembro...; a velocidade é lenta, por causa das curvas, as subidas e descidas são suaves, porque a estrada foi feita para veículos de tracção animal.

Mas é preciso saber como se comporta o carro, porque embora a A2 não atinja os 350m de altitude, e o IC2 nem os 300m, a N2 passa uma vintena de metros ao lado do marco geodésico que assinala o ponto mais alto da Serra do Caldeirão (589m em Pelados). Não é uma serra alta, porque é muito antiga, mas é muito extensa, e são uns 80km passados acima dos 300m de altitude, com muitas subidas e descidas.

Para saber isto, pareceu-me possível carregar apenas na Área de Serviço de Alcácer do Sal e fazer os restantes 220km com os 94% que o Ioniq permite carregar em PCR. Para não chegar à tartaruga, bastaria conseguir um consumo médio de (94%-5%)×28kWh÷2,2/100km=11,33kWh/100km. O pior que poderia obter seria 94%×28kWh÷2,2/100km=11,96kWh/100km.

Eis os pontos de passagem importantes, com distância ao destino, SoC, autonomia, altitude e temperatura exterior:

• AS Alcácer do Sal – 220km – 94% – 15°
• Aljustrel – 123km – 60% – 137km – 190m – 14°
• Castro Verde – 100km – 50% – 104km – 245m – 10°
• Almodôvar – 80km – 38% – ? – 290m – 10°
• Ameixial – 56km – 24% – 43km – 420m – 9°
• Caldeirão – 47km – 15% – 26km – 575m – 8°
• Barranco do Velho – 35km – 11% – 19km – 460m
• São Brás de Alportel – 19km – 10% – 18km – 260m
• Faro – 0km – 6% – 11km

Isto dá um pouco uma ideia do stress da viagem. Eu sabia que tinha que conseguir uma média na casa dos 11kWh/100km, porém, a partir de Almodôvar tornou-se impossível baixar dos 13kWh/100km. No alto do Caldeirão eu tinha uma autonomia indicada de 26km e faltavam-me fazer 47km. A única coisa que me fez continuar foi que São Brás é uma cidade, e já bem perto de Faro, concerteza haveria quem me pudesse ajudar, talvez os bombeiros.

Quando cheguei a São Brás, a autonomia andava a variar entre os 19, 18, 17. Ora se reduzia, ora aumentava. Com a hesitação acabei por dar umas voltas esquisitas dentro da cidade que me roubaram outro km.

A decisão por seguir até Faro, ainda que parecesse impossível, estando já tão baixo, baseou-se no facto de eu já ter feito Faro/São Brás de bicicleta. A ida é um esforço muito grande, mas na volta, atingem-se velocidades perigosas na bicicleta... É quase só descer até ao Coiro da Burra. Do Coiro da Burra até Faro são 8km absolutamente planos.

E foi isso que aconteceu, sai de São Brás com 18km de autonomia mas não gastei absolutamente nada até ao Coiro da Burra (acesso da A22). Os 18km de autonomia que me restavam sobravam para fazer os 8km até casa. Assim foi, cheguei a casa com 6% de autonomia ainda (11km), e não cheguei a ver a tartaruga.

[img]https://ramos.link/~miguel/prius-pt/Ioniq-20171201.jpg[/img]

A média conseguida nesta viagem resulta em 250km de autonomia (220km÷88%). Com aquecimento (resistência) ligado. Há estradas mais favoráveis.