Carro elétrico: o sonho de Sócrates está a fracassar
Enviado: 10 jan 2013, 10:50
Carro elétrico: o sonho de Sócrates está a fracassar
Vendas são ainda em número muito reduzido e perspetivas não são as melhores, dado que há menos incentivos. Atual Governo vai rever estratégia
"O ex-primeiro-ministro José Sócrates bem queria que, em 2020, 10% da frota automóvel portuguesa correspondesse a carros elétricos. Mas seria preciso acelerar muito as vendas para o país chegar a essa meta.
A crise e a retirada de benefícios, com o Orçamento do Estado para 2012 - já do atual Governo - vieram complicar essa ambição que, no entanto, já era «irrealista», segundo o Executivo de Passos Coelho.
«As metas traçadas pelo governo anterior para 2020 não são realistas e dependerão muito da evolução das economias europeias nos próximos anos, mas também da evolução tecnológica que possa haver neste sector», disse à tvi24.pt o Ministério da Economia.
É precisamente da Europa que surge uma advertência séria: a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) alertou na terça-feira para um possível fracasso no lançamento de carros elétricos nas atuais condições. Leia-se: crise económica, lentidão na elaboração de normas e pela falta de incentivos. Isto a nível europeu, com espelho em Portugal.
Sócrates «sonhava muito alto»
A ACEA antecipa que as vendas de veículos elétricos para a próxima década conquistarão uma quota de mercado entre os 2% e os 8%, dependendo das estratégias de cada fabricante. Sócrates ambicionava, para Portugal, que estes carros mais amigos do ambiente representassem 10% do total da frota automóvel daqui a sete anos.
O ex-chefe de Governo «sonhava muito alto», na perspetiva do presidente do Automóvel Club de Portugal, Carlos Barbosa. Sócrates «lançou um projeto megalómano que era completamente impossível e que o país não estava preparado para receber. Há um longo caminho a percorrer».
E é assim, «não só porque os veículos não têm autonomia suficiente para que as pessoas tenham vontade de comprar, mas também porque são extremamente caros para um carro de cidade. E as cidades não estão preparadas».
Menos incentivos, menos vendas
Com o Orçamento do Estado para 2012 também foram retirados «vários dos incentivos que existiam», nota o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Barata Pedro. «Dada a crise que o mercado atravessa, discordamos da retirada de benefícios. A crise veio dificultar mais ainda a venda desse tipo de carros».
De facto, os números falam por si. Os carros verdes ainda não conquistaram os portugueses. Longe disso. Segundo os dados da ACAP solicitados pela tvi24.pt, foram vendidos 18 carros elétricos em 2010, 203 em 2011 e este ano, até novembro, tinham sido comercializados apenas 59.
Governo é ou não amigo dos carros amigos do ambiente?
Em vez de postos de abastecimento eléctrico públicos, nas ruas, o secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, defende ser menos caro promover o abastecimento dos veículos nos escritórios, nos centros comerciais e nas casas, alegando que o Governo não é contra o veículo elétrico.
«Tem mais sentido. Muito mais sentido. Se um carro tiver uma autonomia de 100 km e andar com ele na cidade, chega a casa e recarrega o carro. Estes carros normalmente são muito pequenos e não dá para transportar família, etc. Ninguém pode ter um como carro único. É caro, muito caro e não tem alternativas para ser reabastecido nos locais publicos e locais de trabalho», frisa o ACP.
O Governo está neste momento a rever a estratégia, no sentido de uma «Mobilidade Inteligente». Será implementada depois do termo da fase piloto do Programa para a Mobilidade Elétrica, que foi prorrogada até 30 de junho.
O Ministério da Economia pretende que essa estratégia seja «realista e adequada à realidade do país», mas não se alonga em medidas.
Apenas salienta que «os pontos de carregamento que fazem parte da atual rede piloto são suportados pelo operador incumbente, não havendo custos para o Estado».
Em: http://www.tvi24.iol.pt/economia---econ ... -6377.html
Vendas são ainda em número muito reduzido e perspetivas não são as melhores, dado que há menos incentivos. Atual Governo vai rever estratégia
"O ex-primeiro-ministro José Sócrates bem queria que, em 2020, 10% da frota automóvel portuguesa correspondesse a carros elétricos. Mas seria preciso acelerar muito as vendas para o país chegar a essa meta.
A crise e a retirada de benefícios, com o Orçamento do Estado para 2012 - já do atual Governo - vieram complicar essa ambição que, no entanto, já era «irrealista», segundo o Executivo de Passos Coelho.
«As metas traçadas pelo governo anterior para 2020 não são realistas e dependerão muito da evolução das economias europeias nos próximos anos, mas também da evolução tecnológica que possa haver neste sector», disse à tvi24.pt o Ministério da Economia.
É precisamente da Europa que surge uma advertência séria: a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) alertou na terça-feira para um possível fracasso no lançamento de carros elétricos nas atuais condições. Leia-se: crise económica, lentidão na elaboração de normas e pela falta de incentivos. Isto a nível europeu, com espelho em Portugal.
Sócrates «sonhava muito alto»
A ACEA antecipa que as vendas de veículos elétricos para a próxima década conquistarão uma quota de mercado entre os 2% e os 8%, dependendo das estratégias de cada fabricante. Sócrates ambicionava, para Portugal, que estes carros mais amigos do ambiente representassem 10% do total da frota automóvel daqui a sete anos.
O ex-chefe de Governo «sonhava muito alto», na perspetiva do presidente do Automóvel Club de Portugal, Carlos Barbosa. Sócrates «lançou um projeto megalómano que era completamente impossível e que o país não estava preparado para receber. Há um longo caminho a percorrer».
E é assim, «não só porque os veículos não têm autonomia suficiente para que as pessoas tenham vontade de comprar, mas também porque são extremamente caros para um carro de cidade. E as cidades não estão preparadas».
Menos incentivos, menos vendas
Com o Orçamento do Estado para 2012 também foram retirados «vários dos incentivos que existiam», nota o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Barata Pedro. «Dada a crise que o mercado atravessa, discordamos da retirada de benefícios. A crise veio dificultar mais ainda a venda desse tipo de carros».
De facto, os números falam por si. Os carros verdes ainda não conquistaram os portugueses. Longe disso. Segundo os dados da ACAP solicitados pela tvi24.pt, foram vendidos 18 carros elétricos em 2010, 203 em 2011 e este ano, até novembro, tinham sido comercializados apenas 59.
Governo é ou não amigo dos carros amigos do ambiente?
Em vez de postos de abastecimento eléctrico públicos, nas ruas, o secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, defende ser menos caro promover o abastecimento dos veículos nos escritórios, nos centros comerciais e nas casas, alegando que o Governo não é contra o veículo elétrico.
«Tem mais sentido. Muito mais sentido. Se um carro tiver uma autonomia de 100 km e andar com ele na cidade, chega a casa e recarrega o carro. Estes carros normalmente são muito pequenos e não dá para transportar família, etc. Ninguém pode ter um como carro único. É caro, muito caro e não tem alternativas para ser reabastecido nos locais publicos e locais de trabalho», frisa o ACP.
O Governo está neste momento a rever a estratégia, no sentido de uma «Mobilidade Inteligente». Será implementada depois do termo da fase piloto do Programa para a Mobilidade Elétrica, que foi prorrogada até 30 de junho.
O Ministério da Economia pretende que essa estratégia seja «realista e adequada à realidade do país», mas não se alonga em medidas.
Apenas salienta que «os pontos de carregamento que fazem parte da atual rede piloto são suportados pelo operador incumbente, não havendo custos para o Estado».
Em: http://www.tvi24.iol.pt/economia---econ ... -6377.html