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Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 10:31
por BrunoAlves
JLMF Escreveu:
27 out 2021, 10:13
A positividade destes relatos é pôr a nu as consequências deste Modelo existente em Portugal e alertar para as suas ineficiências e até ilegalidades.
Sim e não. Nim :mrgreen:

Sobre aquilo que acho do modelo não vale a pena chover no molhado :roll: Mas digo claramente que o modelo é o responsável por estas soluções serem uma possibilidade, por não se ter o preço final afixado no posto (como é que pode, agora até já se tem preço por hora!)

Em relação ao teu comentário acho que não, porque não são apresentados dessa forma. Em lado nenhum o senhor da Turbo procurou explicar porque é que aquilo é uma realidade. Aliás até acho que tem um certo tom político no sentido em que frisa claramente "energia + taxas", na minha opinião para se referir à carga que impacta sobre o preço da energia (convenientemente (?) esquecendo-se que o posto tem de ser pago) o que para mim é um "colar" à carga fiscal dos combustíveis. É a minha leitura.
De resto, ninguém discute o modelo. Da forma que isto é colocado (e normalmente não aparecendo ninguém com a paciência do Nonnus na maioria destas publicações) não se discute o modelo e porque é que não é pensado com os interesses do utilizador em vista. A única coisa que resulta é que "os carros eléctricos são uma treta", "é só uma forma de enganar os papalvos", "querem enfiar-nos isto à força e vai-se a ver é mais caro que gasolina", etc etc.

Em resumo, se como o Nonnus (bem) disse, se ele apresentasse este post com o porquê de isto acontecer, podia ser um bom ponto de partida para discussões válidas nas comunidades onde as pessoas são menos informadas que nós. Posto desta forma, é só incendiário :(

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 11:09
por Nonnus
BrunoAlves Escreveu:
27 out 2021, 10:31
discussões válidas nas comunidades onde as pessoas são menos informadas que nós. Posto desta forma, é só incendiário :(
A questão é essa mesmo. Sem ser aqui neste cantinho onde nós discutimos este assunto com conhecimento e sabemos que o modelo esta por detrás disto tudo. Onde é que é discutido desta forma?

Eu sou da opinião que tudo deve ser discutido e dado a conhecer tal e qual como é. Se esta mal, então que se diga que esta mal, pois só assim podemos identificar os problemas e resolvê-los.

Mas o efeito do posts na sua grande maioria dos locais onde foi exposto não esta a ter esse efeito. Esta a ter o efeito contrário, ou melhor, esta a ter o efeito desejado pelo autor. Se a grande maioria dos UVE não sabem o que é o modelo mais bem conseguido do mundo para a ME, como é que um petrolhead vai saber?

Quando se vê respostas ao post com imagens de minas a céu aberto para tentar mostrar o quanto mau é um carro electrico, acham que alguém esta interessado em discutir o nosso modelo e a ME em geral em Portugal?

O post é sobre o problema já muito identificado por nós, mas depressa extrapola para coisas completamente fora do contexto, para fazer valer a ideia que o VE é coisa pior que o homem pôde inventar.

Eu discordo com a ideia que existe algo positivo no post da maneira como ele foi apresentado.

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 13:37
por mjr
Total: 57,24€

OPC - 25.31 x 1,23 = 31,14€ = 0,63€/kW.h para 49,43kW.h
CEME: 26,11 (inclui IVA + TAR + IEC + (eventualmente, caso não seja a Miio) EGME) = 0.528€/kW.h para 49,43kW.h

Terá sido o CEME Miio o utilizado? Mesmo a 0,25€/kW.h no OMIE , para chegar a 0.528€/kW.h vai uma distância muito grande. Uma simulação na Miio para esta energia (49kW.h) dá 51,3€, com o preço spot de 0,2631€/kW.h. Estaria a energia no OMIE no domingo à tarde perto do 0,36€/kW.h ou há algo a escapar-me?

Aqui o problema principal não é o modelo, mas sim o preço muito alto que o OPC cobra e o preço atual muito alto da eletricidade no mercado no caso de ser o CEME Miio. Onde o modelo falha é na não obrigatoriedade de indicação do preço final a pagar, estando apenas indicado no local o tal preço OPC de 0,5121€/kW.h+IVA, embora no caso de ter usado a Miio nem isso se aplica pois na App aparece o preço a pagar.

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 14:01
por BrunoAlves
mjr Escreveu:
27 out 2021, 13:37
Estaria a energia no OMIE no domingo à tarde perto do 0,36€/kW.h ou há algo a escapar-me?
É bem possível. Nos primeiros dias que a Miio apresentou o novo tarifário indexado na app os preços em pico andavam por aí. No Domingo em particular não sei, entretanto têm andado mais baixos
mjr Escreveu:
27 out 2021, 13:37
Aqui o problema principal não é o modelo, mas sim o preço muito alto que o OPC cobra e o preço atual muito alto da eletricidade
Sabes como é, temos de concordar em discordar ;)
TODA (?) A EUROPA, Ionity custa 79cts/kWh (ou uns incríveis 45cts/kWh com a app da EDP espanhola, vá-se lá saber como) . Em Portugal custa 0,63€ + "X", sendo "X" 0,528€ neste caso.
Mas antes destes aumentos, o preço por kWh já era normalmente superior à Europa. A culpa nunca é do modelo, o modelo tudo permite, mas o facto é que.... The proof is in the pudding acho eu :?
mjr Escreveu:
27 out 2021, 13:37
Onde o modelo falha é na não obrigatoriedade de indicação do preço final a pagar
O que não é um "pormenor". Concordas que sem Miio, sem calculadora, devia ser possível fazer isto
BrunoAlves Escreveu:
27 out 2021, 09:36
Se ele chegasse ao posto e lá dissesse CLARAMENTE 1,158€/kWh, se calhar ele pensava "oh diabo, tenho autonomia para muito mais, deixa mas é procurar outro posto"
Certo? Como é que fazes isto com o modelo, múltiplos comercializadores e, para a facada final, com preços por hora, tens alguma sugestão?

edit para um comentário do post seguinte:
Nonnus Escreveu:
27 out 2021, 14:02
até podia ser mais barato porque podia ganhar na energia + utilização do posto. Assim a única maneira de fazer dinheiro é só com a utilização do posto.
Na minha opinião isso é claro como a água. É assim com todos os produtos que se revendem. Compra-se um produto qualquer às carradas, depois adapta-se, embrulha-se, separa-se, embeleza-se, disponibiliza-se de forma conveniente ao utilizador e a margem paga as contas.
A legislação relativa à venda de electricidade não o permite, mas é isso que está mal e que devia ser combatido.
Mais uma vez o caso da Ionity. Como é óbvio, nos países onde estão não compram a electricidade à EDP Comercial. Compram barato e revendem caro porque os custos de operação são elevados. Depois tratam de oferecer pacotes de fidelização, para clientes, etc, como outras formas de atrair clientes. Em Portugal barram-lhe essa forma de fazer negócio, logo estabelecem o seu preço e siga!
(como aliás fazem todos os intervenientes do modelo, cada um estabelece o seu preço e o utilizador final fica com a soma).

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 14:02
por Nonnus
mjr Escreveu:
27 out 2021, 13:37
Aqui o problema principal não é o modelo, mas sim o preço muito alto que o OPC cobra e o preço atual muito alto da eletricidade no mercado no caso de ser o CEME Miio. Onde o modelo falha é na não obrigatoriedade de indicação do preço final a pagar, estando apenas indicado no local o tal preço OPC de 0,5121€/kW.h+IVA, embora no caso de ter usado a Miio nem isso se aplica pois na App aparece o preço a pagar.

Acaba por ser. CEME + OPC tens o azar de escolher mal os dois e olha o resultado. Se não houvesse a componente CEME não era mais fácil chegares ao um preço final? Não estou a dizer que iria ser mais barato, ou mais caro, estou a dizer que a probabilidade de uma má escolha era reduzida em 50%. ;)

O OPC Ionity podia até levar o mesmo preço, ou não. Provavelmente, e agora já entramos nos "SES" até podia ser mais barato porque podia ganhar na energia + utilização do posto. Assim a única maneira de fazer dinheiro é só com a utilização do posto.

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 15:16
por BrunoAlves
Voltei a ler a entrevista do presidente do ACP.

Sobre os eléctricos de facto só disse barbaridades :mrgreen: Combustíveis fósseis que não poluem :doh:
Como disse num comentário anterior, não discordo nada sobre o que ele disse sobre os transportes públicos. É impossível reduzir a quantidade de carros na estrada sem melhorar os transportes públicos e torná-los mais "apetecíveis".
À parte do "rant" totalmente politizado, ele acaba por tocar em alguns pontos importantes.

Mas fiquei curioso com o capítulo das ciclovias, até porque também ando de bicicleta. É um bocadinho off-topic mas cá vai
E nos casos em que não é possível fazer ciclovias então os ciclistas andam no ambiente rodoviário, como andam as motas e toda a gente. É o que acontece lá fora.
É mesmo assim? Eu nas poucas cidades europeias que conheço a maior parte dos ciclistas não anda "misturada" indiscriminadamente com os carros, há no mínimo faixas estreitas.
Aqui na parvónia de facto não há qualquer preparação para ciclistas. Por exemplo quem precisar de andar no IC2 nesta zona nem bermas cicláveis tem em boa parte do percurso que atravessa a cidade. Não é confortável nem para carros nem para ciclistas.
E para quem é de Lisboa, o que é que tem a referia ciclovia da Av. Almirante Reis?

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 17:26
por mjr
@Bruno e @Nonnus, o problema é que o modelo de negócio da Ionity não está formatado para o modelo português e por isso pode dar este tipo de problemas. Já deviam ter ajustado o preço OPC para compensar o aumento do preço no mercado da eletricidade, que estão naturalmente a absorver nos outros países onde só têm um preço. Para mim 0,79€ ou mais €/kW.h é sempre demasiado, logo está riscado e nem serve de comparação com nada. Se alguém colocasse a gasolina a 4€ o litro ninguém lá abasteceria e seria até uma vergonha para o comercializador. Neste caso eles cobram na parte OPC mais do triplo que os restantes operadores, o que significa que nunca lá porei os pés mais do que o estritamente necessário para chegar ao PCR mais próximo e se o cérebro me tiver parado para não ter autonomia de chegar a outro sítio.

Se não fosse o CEME + OPC, sim seria (muito) mais fácil o preço final. Isso sempre foi evidente. Mas não quer dizer que bem feito não se consiga ter o preço como faz a Miio. Com OCPI até poderia aparecer no ecrã do OPC o preço final após a passagem do cartão, algo que seria um aperfeiçoamento à implementação do modelo.

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 17:54
por BrunoAlves
mjr Escreveu:
27 out 2021, 17:26
o problema é que o modelo de negócio da Ionity não está formatado para o modelo português
É de facto esse o problema. Mas na origem do problema é que discordamos ;) Para ti é o modelo da Ionity, para mim é o modelo português. O facto de sermos uma ilha na integração europeia da Ionity e termos SEMPRE preços mais altos que os outros países é razão para eu achar que tenho razão ;)
mjr Escreveu:
27 out 2021, 17:26
Já deviam ter ajustado o preço OPC para compensar o aumento do preço no mercado da eletricidade, que estão naturalmente a absorver nos outros países onde só têm um preço
Não sei, estão? Os restantes comercializadores cá que continuam com os preços anteriores, estão a absorver o preço? Eu por acaso até achava que sim, mas alguém me chamou a atenção que a venda com prejuízo é proibida, logo o mais provável é terem contratos de quantidades alarves com prazos muito alargados e portanto continuarem a comprar ao preço anterior. Em relação a isto, a "minha empresa" (aquela PME que há uns meses demonstrei que pagava 12,5cts/kWh preço final) acabou de renegociar o contrato de energia REDUZINDO o preço. Uma PME com 50 funcionários e um pequeno PT.
Confesso que quanto mais olho para o mercado de energia menos percebo :roll: Sei é que grandes consumidores têm acesso a valores que o mercado residencial não tem. E a ME é tratada como mercado residencial. Culpa do modelo.
mjr Escreveu:
27 out 2021, 17:26
Se não fosse o CEME + OPC, sim seria (muito) mais fácil o preço final. Isso sempre foi evidente
Ora uma das obrigações legais não é ter o preço final com IVA de qualquer bem afixado? ;)
Ah espera já sei: "o modelo permite" :mrgreen:

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 18:04
por rnlcarlov
mjr Escreveu:
27 out 2021, 13:37
Estaria a energia no OMIE no domingo à tarde perto do 0,36€/kW.h ou há algo a escapar-me?
Plenamente possível que fosse esse o preço final. O preço médio de domingo esteve nos 225€/MWh, atingindo 270€/MWh à hora do jantar. Comparando com dia 15 de Outubro, quando começaram os preços indexados na miio, o preço médio foi 231€/MWh, havendo horas em que esteve a 265€/MWh, e bem se viu nessa altura preços de 0,31-0,36€/kWh para carregamentos na miio. Logo os valores batem bastante certo.
BrunoAlves Escreveu:
27 out 2021, 17:54
Em relação a isto, a "minha empresa" (aquela PME que há uns meses demonstrei que pagava 12,5cts/kWh preço final) acabou de renegociar o contrato de energia REDUZINDO o preço. Uma PME com 50 funcionários e um pequeno PT.
Confesso que quanto mais olho para o mercado de energia menos percebo :roll: Sei é que grandes consumidores têm acesso a valores que o mercado residencial não tem. E a ME é tratada como mercado residencial. Culpa do modelo.
Confesso que estou espantado que tenham conseguido uma redução, no entanto no ramo das tensões mais elevadas, o fenómeno fidelização importa bastante. Ainda que os preços estejam horríveis agora, ao fazer-se contratos a vários anos com fidelização, as comercializadoras contam com previsões de preços mais baixos no futuro e no prazo do contrato ter uma margem positiva.
Naturalmente que isto não funciona no sector doméstico, devido à liberdade de mudar de comercializadora a qualquer momento.

Re: Entrevista ao presidente do ACP / post da revista Turbo

Enviado: 27 out 2021, 19:53
por Nonnus
BrunoAlves Escreveu:
27 out 2021, 17:54
alguém me chamou a atenção que a venda com prejuízo é proibida,
Its true, é o chamado dumping. Lembra-te do caso do Pingo Doce que foi multado porque vendia produtos abaixo do preço de mercado.

https://www.dinheirovivo.pt/economia/o- ... 04233.html
Teoricamente, esta prática de preços predatórios consiste em um predador, uma empresa dominante do mercado, colocar os seus preços tão baixos por um período suficiente de tempo que os seus concorrentes abandonam o mercado e outros ficam impedidos de entrar, criando barreiras à entrada.

Eu já mencionei isto no outro tópico e, acho que a intenção é mesmo esta. Seja no mercado doméstico, seja na ME. Se isto continuar por muito mais tempo vamos ver quantas ficam e quais é que ficam.