Nonnus Escreveu: ↑17 set 2019, 12:13
Tens uma bateria pequena que apenas permite fazer alguns (poucos) km em modo eléctrico,
Os híbridos, e ao contrário da maior parte dos híbridos plug-in, são geralmente muito mal compreendidos.
Não se trata de usar uma bateria pequena para fazer poucos kms (2km?) em modo eléctrico.
A questão está em conseguir optimizar a eficiência energética de um motor de combustão. Quando se conhece um motor de combustão, a necessidade do híbrido é óbvia, e é uma coisa de que se falava desde o princípio dos anos 90.
Um CI tem uma eficiência máxima na casa dos 30-40% mas só a consegue num regime médio: rotações médias e a meio do pedal do acelerador. Em rotações mais altas, há perdas por fricção dos cilindros, e o volume de ar deslocado (relacionado com a cilindrada e as rpm) consomem muita energia. Em regimes baixos, apesar de pouco ar deslocado, é preciso mais força para fazer deslocar ar por uma menor abertura da borboleta, e tende a criar uma pressão bastante baixa.
Então, a necessidade é que o CI não seja usado em regimes baixos, seja usado um motor eléctrico, se houver energia e se não houver subir o regime do CI para que além da energia de tracção produza electricidade, evitando a baixa eficiência dos regimes baixos. Nos Toyota, além disso, consegue-se uma transmissão de variação continua com essa energia, quer permite repartir de acordo com a maior eficiência energética a força pelos 3 motores. Consegue-se também que o CI esteja totalmente desacoplado das rodas para que não provoque resistência ao movimento.
Sim, a intenção é usar o CI nos regimes mais elevados onde ele está no seu máximo de eficiência.
É muito mais complicado de explicar do que a maioria dos híbridos plug-in. Eficiência energética é um conceito bastante mais complicado do que a fonte de energia usada.
Por exemplo, o meu Prius+ tem uma média global de 5,1l/100km de gasolina. É um monovolume com 7 lugares e vai regularmente a Lisboa pela Vasco da Gama (não fosse a Vasco da Gama, a média seria bastante mais baixa, por exemplo, no Algarve as minhas médias são de 3,2-3,4 em percursos de 50-100km).
Em litros, podemos dizer que é semelhante a um carro a gasóleo não muito grande (exemplo, um Scirocco conhecido meu, mais aerodinamico que o Golf, depois de neutralizados alguns sistemas de controlo de emissões, fazia 5,4l/100km pela Vasco da Gama em velocidades semelhantes).
Porém, 5l de gasolina pesam o mesmo que 4l de gasóleo e têm a mesma energia que 4l de gasóleo e não há nenhum carro semelhante a gasóleo que faça um consumo comparável, ou tenha emissões poluentes comparáveis.
Portanto, como o gasóleo paga muito menos imposto por litro, e cada litro tem mais massa e maior conteúdo energético que a gasolina, o dinheiro fica ela por ela. Mas é inegável que um híbrido Toyota consome cerca de 2/3 da massa de combustível e produz cerca de 2/3 do CO2 que outro carro, a gasolina ou gasóleo. Cada um sabe onde mete o dinheiro...
Claro, comparando com um eléctrico... o eléctrico combina poupanças brutais por km com uma eficiência energética incomparável (se um CI Atkinson da Toyota consegue uma eficiência média próxima da máxima de 40%, um carro eléctrico está lá para cima dos 80%) com um conforto de condução muito maior (sendo que o híbrido está muito acima de um CI normal). Não dá hipótese.
O híbrido é de considerar quando o eléctrico não serve. Para uma pessoa que faça 1000km todos os dias, o híbrido vai conseguir um consumo de combustível semelhante ou melhor ao de muitos plug-in sem adicionar o custo do carregamento.
Para a maior parte das pessoas, felizmente, o eléctrico serve.